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Foto: Divulgação |
O Dia Mundial de Combate ao Estresse, celebrado neste dia 23 de setembro, acende reflexões sobre o impacto deste problema na saúde física e mental. O estresse começa com uma reação natural de defesa do corpo: em situações desafiadoras, são liberados os hormônios cortisol e adrenalina. Quando isso acontece em episódios de curto prazo, está dentro do esperado e do que é considerado saudável. O alerta surge em meio ao ritmo de vida que a sociedade leva atualmente: prazos corridos, preocupações constantes e uma sobrecarga de demandas. Neste cenário, o corpo pode liberar mais cortisol e adrenalina do que deveria, gerando o estresse crônico.
Nágela Evangelista, psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Estácio, defende que é necessário, mesmo diante de uma realidade acelerada e exaustiva, buscar formas de reduzir os impactos desses contextos adoecedores. “Não existe um ‘manual’, porque tudo depende da realidade e da dinâmica de cada indivíduo. Mas é crucial buscar o autoconhecimento e autorregulação emocional, reconhecendo os sinais de estresse no corpo, como insônia, tensão muscular e irritabilidade, por exemplo. A partir desta percepção, você pode buscar estratégias de regulação que são de fácil acesso, como respirar profundamente, tomar um banho mais demorado ou ver um filme. Claro que, se for possível, é muito válido buscar psicoterapia”, orienta.
Nas redes sociais, não é difícil encontrar memes com o termo “amizade de baixa manutenção”. Apesar de ser compreensível a exaustão causada pela rotina de casa, estudo e trabalho, a psicóloga destaca a construção de redes de apoio como uma ferramenta potente no combate ao estresse e na melhoria da saúde mental como um todo. “É importante compartilhar experiências, pedir ajuda e criar espaços coletivos de acolhimento. Estresse não é problema individual, é atravessado por contextos sociais e políticos”, alerta a profissional.
Não é “só comer bem e se exercitar”
Um fator crucial para a manutenção da boa saúde é dormir bem. Quando o estresse crônico prejudica o descanso, outros prejuízos aparecem. Dr. Herbert Mendes, cardiologista e docente do Idomed, alerta que o sono inadequado pode favorecer o surgimento de hipertensão arterial e hábitos de compensação pouco saudáveis. “Pessoas muito estressadas tendem a dormir pouco e dormir mal, e isso compromete o rendimento já no dia seguinte. Além disso, o estresse pode desencadear uma descarga adrenérgica elevada, que se torna um fator de risco para o desenvolvimento de hipertensão arterial.”
Outro ponto é que o estresse pode afetar diretamente o humor. A pessoa pode ficar muito irritada ou, em alguns casos, retraída, o que acaba prejudicando os relacionamentos interpessoais. “Há também quem recorra a mecanismos de compensação, como comer em excesso, beber ou fumar para tentar relaxar. Portanto, o estresse pode impactar em várias dimensões: qualidade do sono, humor, relacionamentos e hábitos de compensação pouco saudáveis. Esses fatores, juntos, comprometem a qualidade de vida e podem aumentar o risco de desenvolver doenças cardiovasculares”, esclarece o especialista.